Recuerdo de homem guapo
Que já derramou suor
Contava o velho Mendo
Um antigo aguador
Se criou pelas lavouras
No meio dos arrozais
Seu sustento era uma pá
De corte nos banhadais
Tomando um trago de vinho
Bem na sombrinha da casa
Contou histórias caudilhas
E os cavalos que ele tinha
Como é que se domava
Peitoral de couro duplo
Duas correntes esticadas
E um bico sete cravado
Sobre o chão de um banhado
Deixando a terra lavrada
Cavalo metendo força
Juntamente ao silvador
Com a rangeira ao pescoço
No rabo de um arador
Velhos antigos nos contam
Destas lidas aporreadas
Que a galocha era um regalo
Pra quem campeava a cavalo
No frio quebrando geada
Antigos trabalhadores
Tem histórias pra contar
De seus velhos professores
Arado e cabo de pá
Uma vida de trabalho
Com suas mãos estropeadas
Trazendo o calo nos dedos
E a sola dos pés rachadas
Homens pingavam suor
Sobre a resteva da trilha
Envaletando por braça
Pra sustentar a família
Cortando arroz de foice
Emendar pra trilhadeira
Assim muito destes guapos
Passaram a vida inteira
Trabalho que até hoje
Vem passando geração
Levando a ciência a riba
Pra o sustento da nação